A cinomose se trata de uma doença que acomete cães mais
jovens em seu primeiro ano de vida, pode também infectar animais mais velhos
que por alguma razão não tenham sido imunizados anteriormente com vacinas
próprias, ou que por alguma doença seu sistema imunológico se encontra
debilitado.
A cinomose pode atingir vários órgãos, é
sistêmica, podendo atuar em todo o organismo, é altamente contagiosa. É uma
doença causada por um vírus que sobrevive por muito tempo em ambiente seco e
frio. Porém é um vírus muito sensível ao calor, luz solar e desinfetantes
comuns, dura em média três meses no ambiente após a retirada do portador.
Como é transmitida?
A cinomose se dá através de animais que se contaminam por
contato direto com outros animais já infectados, ou pelas vias respiratórias,
pelo ar contaminado ou por fômites, que são objetos que já tiveram contato com
o portador da cinomose.
A transmissão direta é por secreção do nariz e boca de
animais infectados que é a principal fonte de infecção.
Quais são os sintomas da cinomose?
Pode haver perda de apetite, corrimento ocular e nasal, diarréia,
vômito e sintomas nervosos (tiques nervosos, convulsões e paralisias),
dificuldade de respirar e febre. E de acordo com o estado imunológico do animal
como um todo, ele pode vir a óbito.
Basicamente, a doença se apresenta em fases, podendo pular
uma delas eventualmente. Inicia-se pela fase respiratória (pneumonia e secreção
nasal purulenta, o conhecido pus), e ocular (secreção ocular purulenta, ou
remela, em grande quantidade).
Qual o tratamento?
Não existe. O que se pode fazer é usar medicamentos para o
controle dos sintomas. É importante que o animal seja mantido em um ambiente
limpo, com temperatura agradável e alimentação correta de acordo com as
indicações do veterinário.
Como prevenir a cinomose?
A melhor forma de prevenir é a vacinação, que pode ser feita
em uma clínica veterinária. Os cães podem ser vacinados com seis meses de
idade, filhotes devem receber três doses desta vacina na primeira fase da vida.
Posteriormente os cães devem receber uma dose da vacina anualmente.
A cinomose no Brasil
Com uma população canina de mais de 37 milhões, o Brasil
conta com, apenas, cerca de 7 milhões de cães vacinados anualmente;
o que significa que a maior parte dos cachorros do País permanecem suscetíveis
à contaminação da doença.
Embora, periodicamente, haja campanhas especiais para
conscientizar a população que tem bichinhos de estimação como parte da família
– oferecendo, inclusive, a vacina para os cães de maneira gratuita - o número
de vacinações no País ainda deixa muito a desejar; levando em conta que, além
da cinomose, há uma série de outras doenças contagiosas e bastante
prejudiciais para os animais, que seguem sem proteção.
Com isso, a cinomose segue se espalhando pelo País, sendo
que, em algumas cidades específicas – como em Alfenas, em Minas Gerais – o
aumento do número de casos da doença tem sido considerável. No mês de junho de
2013, inclusive, o município chegou a ser considerado um local em surto de
cinomose, tamanha a quantidade de cães infectados pela doença sendo atendidos
pelos médicos
veterinários da região.
Mesmo que esse tipo de ocorrência de surto seja, de certa
forma, isolado e um tanto quanto pontual no País, a situação é preocupante –
tendo em mente que há quase 30 milhões de cachorros não vacinados espalhados
pelo Brasil – e, sem que a população se conscientize, esse problema tende a
crescer cada vez mais.
A contaminação de cães pela cinomose
Conforme citado anteriormente, a cinomose é uma doença transmitida por
um vírus altamente contagioso de tipo RNA – ou seja, que conta com
material genético denominado RNA, que pertence a família paramixovirirdae
gênero morbilivírus. Poderoso, este vírus pode sobreviver em um ambiente por
algum tempo se as condições climáticas forem ideais para isso e o local for frio
e seco – sendo que, mesmo em ambientes quentes e úmidos (pouco propícios para a
sua sobrevivência), ele pode chegar a viver por cerca de um mês.
Também chamado de vírus CDV – Canine Distemper Virus, o
responsável pela cinomose é bastante agressivo e oportunista, e atinge,
principalmente, cães que por alguma razão tenham seu sistema imunológico
enfraquecido; como filhotes, cachorros idosos ou
que já estejam enfraquecidos em função de alguma outra doença ou problema como
o estresse.
Embora possa afetar animais de qualquer idade, no caso dos
filhotes a prevalência da doença pode ser maior – principalmente nos que tem
idade entre 3 e 6 meses de vida; já que esse período coincide com a perda dos
anticorpos maternos presentes no corpo do animal. Entre os profissionais
veterinários há, ainda, a crença de que cachorros de raças braquicéfalas (de
focinho curto) apresentem uma resistência maior ao problema; no entanto, não há
comprovações para essa suspeita.
Podendo, ainda, afetar todo tipo de raça de cão, há algumas
tidas como mais suscetíveis à cinomose, incluindo nomes como Husky,
Greyhound, Weimaraner, Samoieda e os Malamutes do Alaska.
Destacando uma taxa de mortalidade de até 85% dos cachorros
acometidos (nem todos morrem por causa da doença, mas ficam com sintomas
neurológicos que acabam levando o animal à eutanásia), a doença terá sua
gravidade relacionada, principalmente, à região do corpo do animal que será
atacada; com sintomas que se iniciam em sistema respiratório e nos olhos,
evoluindo para sistema gastrointestinal e finalmente a pior parte, quando
acomete o sistema nervoso.
Não havendo raças, épocas do ano ou gêneros específicos mais
propensos para a contaminação, o vírus da cinomose costuma atingir os
animais de maneira bastante intensa e, como a evolução da doença é rápida, em
alguns casos pode ser fatal para os cães acometidos. Embora haja países em que
a doença já é praticamente erradicada, o Brasil não se encaixa nesse perfil –
já que apenas uma pequena parcela dos pets caninos do País são vacinados; o que
aumenta muito as chances de contaminação.
Felizmente, a cinomose não é considerada uma zoonose e,
portanto, não tem a capacidade de atingir seres humanos, que podem interagir
com animais doentes sem maiores preocupações. No entanto, a situação muda de
figura quando esta interação é entre animais; já que um cão doente pode
transmitir a doença para um animal sadio de maneira quase imediata, por meio do
contato direto entre eles.
As secreções liberadas pelo animal doente – seja pelas
narinas ou pela boca –, além das fezes do cachorro contaminado, são agentes
potentes para a transmissão da doença. Até mesmo fômites pode ser responsáveis
pela propagação do problema, e alguém que entrou em contato com um cão doente
pode levar a doença consigo (em suas roupas ou sapatos, por exemplo) até
encontrar outros animais e facilitar a contaminação destes.
A evolução da cinomose nos cachorros
A cinomose é uma doença de evolução bastante rápida nos cães
e, cerca de 7 dias após a contaminação, os primeiros sintomas já podem começar
a ser notados nos cachorros acometidos. Em muitos casos, a doença se manifesta
nos animais de maneira tão agressiva, que as chances de melhora ou cura são
praticamente descartadas – já que, quando o diagnóstico é feito, as alterações
neurológicas já estão tão avançadas que o tratamento se torna inútil.
No entanto, o nível de agressividade da cinomose em
um cão vai depender tanto das regiões afetadas pela doença como do estado em
que se encontra o sistema imunológico do cachorro em questão. Animais com a
imunidade em níveis adequados, por exemplo, podem chegar a eliminar o vírus sem
promover a sua disseminação ou ter sintomas severos da doença – sendo os cães
com baixa imunidade os mais prejudicados pelo problema (e os que correm mais
riscos de morrer em função da doença).
As áreas ligadas às funções respiratória e digestiva são, na
maioria das vezes, as primeiras afetadas pela doença – que, em estágios
avançados, chega a alterar o sistema nervoso do animal e provocar quadros
irreversíveis, além de sequelas importantes nos casos (raros) em que o animal
consegue ser tratado e se recuperar.
Um dos grandes problemas da doença – e que influi muito na
piora do quadro do animal infectado – é a variedade de sintomas que ela
provoca, dificultando um diagnóstico preciso. Boa parte dos animais que acabam
chegando ao óbito, mesmo sendo tratados a partir do surgimento dos primeiros
sinais da doença, sofrem por receberem o tratamento errado; que, na maioria das
vezes, se concentra em eliminar os sintomas de maneira isolada (já
que a origem do problema, até então, é desconhecida).
Ao cuidar de sinais pontuais e sem saber da presença da
cinomose, é possível promover uma melhora significativa no animal; no entanto,
essa aparente recuperação dura pouco tempo, e os sintomas e consequências da
doença ressurgem no animal de maneira ainda mais agressiva.
Independentemente do tipo de tratamento, infelizmente, a cinomose é
uma doença que gera uma sobrevida relativamente curta nos animais que conseguem
se recuperar e; conforme descrito anteriormente, os cães infectados precisam de
medicamentos específicos para ter o máximo de qualidade de vida possível
enquanto o mal se espalha.
Como identificar a cinomose no seu pet
Conforme descrito acima, ter o diagnóstico correto é
fundamental para que um cão tenha chances de se recuperar da cinomose e poder
viver além da doença. Portanto, é essencial que os donos de pets estejam sempre
atentos aos principais sinais que ocorrem com o surgimento do problema.
Confira, a seguir, uma lista de sintomas comuns aos cachorros infectados pela
doença – expostos de maneira crescente, de acordo com a evolução da doença no
corpo do animal:
Tosse
Espirros
Febre
Perda de apetite
Apatia (o cão não tem vontade de fazer nada)
Vômitos
Diarreia
Secreções nasais
Secreções oculares (conjuntivite)
Falta de coordenação motora (o cão parece estar “bêbado”,
“descadeira”)
Tiques nervosos
Mioclonias (contrações musculares involuntárias)
Convulsões
Paralisia
Vale a pena lembrar que, tanto a evolução de sintomas
neurológicos como o surgimento de qualquer tipo de sinal da cinomose varia
muito de um caso para o outro e, portanto, não há como prever que tipo de
consequências o problema pode causar e nem se a doença irá desencadear sinais
perceptíveis até chegar a um nível bastante avançado.
Um dos sinais neurológicos mais característicos da cinomose
é a mioclonia – que promove a contração involuntária dos músculos do animal –
considerada um sintoma específico da doença e que também pode ocorrer em função
de outros problemas causados pelo paramixovírus.
Quando a cinomose chega a afetar o sistema neurológico dos
cachorros o quadro já pode ser considerado bem grave, e consequências como
meningite, paraplegia e tetraplegia podem ocorrer, assim como um quadro de coma
(que, na maioria dos casos, evolui para a morte do animal em pouco tempo). Além
destes, sintomas mais variados também podem ocorrer em casos específicos,
incluindo abortos e partos prematuros em cadelas, lesões ósseas, alterações no
esmalte dentário do cão e infecções diversas.
Conclusão
Devido à agressividade da doença e a facilidade de prevenção
não fica nenhuma dúvida em relação ao que deve ser feito: sempre mantenha a
vacinação do seu animal em dia e faça visitas frequentes ao médico veterinário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário