Seria a quantidade de luz, algum cheiro imperceptível aos
nossos olfatos ou a própria rotina que entregariam os eventos corriqueiros do
dia?
Essa ainda é uma pergunta que causa muito debate entre
os pesquisadores e especialistas em comportamento canino. Teoricamente, ainda
não há uma resposta fechada.
Para os tutores caninos, muitos irão atestar que de fato
seus cães parecem antecipar situações rotineiras, como o retorno do trabalho de
membros da família, a hora de comer ou do passeio.
É como se eles entendessem o
conceito de tempo, mesmo este sendo uma invenção humana tão abstrata.
Seria a quantidade de luz, algum cheiro imperceptível aos
nossos olfatos ou a própria rotina que entregariam os eventos corriqueiros do
dia?
Cientistas cognitivos têm grande interesse em entender como
os animais formam a memória, principalmente porque os ajuda a penetrar nos
mistérios de como os diferentes cérebros funcionam.
A memória de longo termo é
dividida em duas categorias: memória implícita, nos auxiliando a praticar
tarefas que já fizemos e repetimos por diversas vezes; e a memória declarativa,
onde nós guardamos as experiências e informações que formam as histórias de
nossas vidas.
Segundo Pavlov, cães e outros animais possuem memórias
implícitas, utilizadas para o tipo de aprendizado tentativa e erro ou para
respostas condicionadas. Entretanto, ainda há dúvidas se os animais não-humanos
possuem memória declarativa, em outras palavras, se os animais teriam a
habilidade de lembrar eventos passados.
Enquanto há muita evidência sugerindo que cães lembrem de
pessoas e eventos, ainda é uma questão em aberto se eles conseguem viajar no
tempo em suas mentes. A falta de respostas se dá porque os cachorros foram por
muito tempo negligenciados em pesquisas. Os cientistas acreditavam que, já que
os cães eram domesticados, não poderiam provar como a espécie natural se
comporta. Apenas nos últimos 15 anos que houve uma maior análise na
espécie.
Apesar de deixar claro que ainda não há evidências
científicas, Locky Stewart, diretor do Dognition, sugere algumas teorias e ideias interessantes
que explicariam o comportamento do pet em antecipar o horário da refeição.
Cães, como a maioria dos mamíferos, possuem ritmo
circadiano, um senso interno que os diz quando devem dormir ou serem mais
ativos. Seria então uma reação corporal, e não mental, que estaria detectando o
horário. Então, se o cachorro está acostumado a comer em uma determinada hora,
seu corpo se acostuma e fica com fome naquele período.
Mais uma explicação seria a habilidade dos animais de
lerem sinais no ambiente, como a intensidade da luz ou um ruído
específico.
Outros pesquisadores sugerem que os cães utilizam seus
avançados sensos de olfato para identificar quanto tempo passou desde que um
evento ocorreu. Depois que o tutor sai de casa, seu cheiro vai gradativamente
esvaecendo à medida que as horas vão passando. Se o seu horário é
relativamente regular, há uma possibilidade de o seu cão ter ligado a
intensidade do seu cheiro à hora que você normalmente chega em casa.
No experimento trasmitido pelo canal inglês BBC e feito com
a cadela Jazz, que parecia sempre prever a hora quando seu tutor estaria
chegando, os pesquisadores a enganaram espalhando o odor de seu tutor pela casa
um pouco antes dele retornar do trabalho. Diferente dos outros dias, Jazz se
mostrou suspresa quando o tutor voltou para casa do trabalho. O horário
foi o mesmo, porém, dessa vez o odor era mais forte.
Apesar de não ser uma prova concreta, não deixa de ser mais
uma peça para o quebra cabeça. Com a atenção que os cães estão agora recebendo,
é questão de tempo para que essa pergunta seja respondida de uma vez por todas.
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